O Brasil nas ruas e longe do mundo: como a crise político-econômica levou ao colapso da política externa brasileira

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Guilherme Casarões

Resumen

Após uma década de crescente envolvimento e projeção internacionais, que levaram o Brasil a ser considerado uma potência emergente, desde 2013 o país vive um prolongado período de retração internacional. Neste capítulo, argumentamos que a política externa passou a ser conduzida não mais pelos objetivos e interesses de longo prazo do país, tendo em vista as possibilidades globais, mas pela conjuntura doméstica imediata. É possível identificar três grandes fases nesse processo, que coincidem com as estratégias dos governos de turno: (1) a fase de retração, em que Dilma Rousseff buscou rebaixar o status brasileiro de potência emergente (e, portanto, detentora de certos compromissos internacionais ambiciosos) para o de potência média, de ambições mais limitadas e geralmente circunscritas a temas de baixa política (como comércio, meio ambiente e direitos humanos); (2) a fase de normalização, em que Michel Temer buscou garantir a legitimidade e a sobrevivência de seu frágil governo transitório por meio do reforço da agenda comercial, com vistas à recuperação econômica do país; (3) a fase de redefinição, em que Jair Bolsonaro, político de extrema direita, fortemente antissistema, buscou reposicionar o Brasil como nação cristã e conservadora por meio da submissão dos objetivos internacionais do país à nova correlação de forças que chegou ao poder em 2018. Buscamos contribuir aos estudos de política externa brasileira ao recontar a história recente sob o ângulo dos constrangimentos domésticos à projeção internacional do Brasil.

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